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Mercado de semicondutores no Brasil: como atender a demanda local?

A crise global que afeta a indústria eletrônica também atingiu o mercado de semicondutores no Brasil. Afinal, esses componentes são essenciais para a fabrição de uma diversa gama de produtos. E por isso, muitas empresas brasileiras que trabalham com tecnologia e produtos eletroeletrônicos vem sofrendo as consequências da escassez dos chips no mercado mundial.

No entanto, resolver a situação é uma tarefa bastante complexa. Diante da dependência do mercado externo, muitos países iniciaram uma corrida para começar sua própria produção. Inclusive o Brasil, que já conta com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis) desde 2007.

Com diversos projetos de pesquisa em andamento, universidades apostam na inovação para que o mercado brasileiro de semicondutores avance. O Governo Federal também está propondo alternativas.

Foi publicado recentemente na página do Ministério da Economia um plano de ação. O objetivo é trazer um diagnóstico da oferta de semicondutores, propondo medidas para ampliar a disponibilidade desses componentes.

Neste artigo, vamos trazer alguns dados sobre a posição do Brasil no mercado de semicondutores e quais alternativas podem ser viáveis para atender a demanda local. Confira!

Mercado de semicondutores: como o Brasil está posicionado?

De todos os semicondutores consumidos no Brasil, apenas 10% são produzidos internamente. A maior parte deles é utilizada na pecuária e na identificação de passaportes. Ou seja, a oferta brasileira no mercado de semicondutores é ínfima, deixando o país totalmente dependente do mercado externo. 

A única fábrica brasileira fica localizada em Porto Alegre (RS) e foi criada para induzir o desenvolvimento do setor. Contudo, ao invés de incentivos, a empresa que foi estatizada em 2008, está sendo liquidada. O que significa deixar o país ainda mais atrás na corrida para atender a demanda interna de semicondutores.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), o mercado brasileiro já conta com 20 empresas em operação. Elas fornecem produtos e serviços que vão desde o design até o encapsulamento de componentes. 

Porém, a demanda do mercado brasileiro é grande. Com a crise dos chips, só no ano passado, o Brasil deixou de produzir 345 mil automóveis. Para 2022, a previsão é de uma perda global de cerca de 8 milhões de carros. No Brasil, os quatro primeiros meses do ano já tiveram um déficit de 100 mil unidades nas montadoras locais.

E uma vez que somente 10% da demanda interna é produzida aqui e destinada a outros fins, podemos concluir que praticamente todos os semicondutores utilizados no Brasil pela indústria automotiva e de eletroeletrônicos são importados. 

Quais as alternativas do mercado brasileiro para evitar novas crises no setor?

Na direção oposta ao desmonte da única fábrica brasileira de semicondutores, o Governo Federal anunciou a publicação de uma medida provisória criando o programa “Brasil Semicondutores”. A proposta é atrair grandes fabricantes de chips ao país, além de empresas de tecnologia como o 5G.

Contudo, ainda há um longo caminho a ser percorrido. No curto e médio prazo, a demanda local ainda será totalmente dependente do mercado externo. Cabe às empresas driblar a crise, cada uma a seu modo.

Seja encontrando alternativas para mudança nos projetos, como é o caso de algumas montadoras. Ou negociando prazos de entrega, como mostramos neste artigo o que algumas fábricas, inclusive a MPRESS, estão fazendo.

Expectativa versus Realidade

O custo extremamente elevado para implementação de uma fábrica desse nível e as dificuldades de investimento do setor público são uma barreira a ser enfrentada. 

Especialistas afirmam que o Brasil não possui os requisitos necessários para atrair uma fábrica de semicondutores. Um dos problemas é a falta de mão de obra qualificada necessária para esse tipo de empreendimento. Isso afasta a ideia das fabricantes de se instalar por aqui.

Além disso, a demanda na América Latina é baixa, comparada com Europa, EUA e Ásia, onde se concentram as maiores fabricantes de eletrônicos do mundo. Isso traria uma grande dificuldade de competição com os mercados maiores. Dificultada também pela política de exportação de produtos de alto valor.

Ou seja, demoraria muito para o Brasil obtivesse um retorno para o alto investimento realizado. O que torna os projetos aparentemente inviáveis.

Espera-se, contudo, que os programas de incentivo possam reverter a situação, ao menos para que o Brasil possa se tornar autossuficinte no mercado de semicondutores. Ou, de algum modo, menos dependente das importações.